RESENHA: Se eu ficar

15:44

"Depois do acidente, ela ainda consegue ouvir a música. Ela vê o seu corpo sendo tirado dos destroços do carro de seus pais – mas não sente nada. Tudo o que ela pode fazer é assistir ao esforço dos médicos para salvar sua vida, enquanto seus amigos e parentes aguardam na sala de espera… e o seu amor luta para ficar perto dela. Pelas próximas 24 horas, Mia precisa compreender o que aconteceu antes do acidente – e também o que aconteceu depois. Ela sabe que precisa fazer a escolha mais difícil de todas."



Gayle Forman nos faz refletir muito através da história de Mia Hall, uma garota de 17 anos, estudiosa, tímida e doce, apaixonada por música clássica (violoncelista prodígio, aliás), sua família e seu namorado, Adam. 

Logo no início do livro, acontece um evento divisor de águas: Mia e sua família sofrem um trágico acidente de trânsito (o carro no qual estavam é subitamente atingido por um caminhão, o impacto é fatal), e Mia perde seus pais e Teddy, seu irmão mais novo. E, em coma, acompanha todos os acontecimentos seguintes através de uma experiência extra corpórea. Durante a trama vamos acompanhando o presente mas também nos aprofundando na personalidade de Mia e sua relação com os outros personagens através de seus flashbacks.


O pai de Mia era membro de uma banda e saiu para se tornar professor quando souberam que Mia estava a caminho, mas permanece "daquele jeito" : largado e estiloso, todo Rock'n'Roll e é o personagem mais engraçado e sarcástico do livro. Sua mãe, ex "jovem rebelde", cresceu para ser uma “mãe ursa” – palavras de Mia – aquela que faz de tudo pelos seus filhos. Ainda assim, sempre podemos ouvir seus palavrões pela casa e suas exclamações de "a vida é uma merda!". Um casal com muita química, engraçado e divertido e, acima de tudo, amoroso. Eles fazem questão que seus filhotes sejam felizes, realizem seus sonhos e através de suas próprias decisões. 





A relação de Mia e Teddy é apresentada de maneira muito fofa: Teddy só dormia ouvindo Mia tocar quando era bebê, e era Mia quem lia pra ele, toda noite, um capítulo de Harry Potter (❤). A ligação entre os dois é suave e linda, não tem como não se emocionar. Eu sou filha única e, durante a leitura, desejei MUITO ter um irmão mais novo para quem ler HP à noite. Essa foi a família que me conquistou no primeiro parágrafo, numa cena corriqueira, num café da manhã. 



Já Adam, o namorado lindo, engraçado, inteligente e integrante da banda Shooting Star, que está ficando cada vez mais popular em Portland, é uma espécie de milagre pessoal de Mia, que diz não saber o que um cara desses faz com uma garota introspectiva e nerd como ela. Mas a verdade é que eles ficam lindos juntos e o casal é responsável pelos momentos doces e românticos do livro. Um dos quais fez meu coração ficar bem apertadinho:

“Eu ficava brava porque ele nunca escreveu uma música pra mim. Adam mesmo sendo músico alegava que não era muito bom com músicas bobinhas que falam de amor:

– Se quer que eu escreva uma música para você, vai ter que me trair ou alguma coisa desse tipo – dizia ele, já sabendo muito bem que isso não aconteceria.

E agora, fico me perguntando se conseguiria sentir o toque dele. Adam solta a minha mão – a minha mão do corpo desacordado – e dá um passo à frente para me olhar. Ele está tão pertinho de mim que quase consigo sentir seu cheiro (…) Adam começa a murmurar alguma coisa. Com a voz bem baixa. Ele não para de repetir: "Por favor. Por favor. Por favor. Por favor. Por favor. Por favor. Por favor. Por favor. Por favor. Por favor.". Por fim, ele para e olha bem para o meu rosto:

– Por favor, Mia – implora. – Não me faça escrever uma música.”


Mia se vê, então, diante de uma escolha: ela desiste e vai embora para um lugar sem dor, junto aos seus pais e Teddy ou fica e enfrenta a dor da perda e meses de recuperação, ao lado seus avós e Adam e com a chance de cursar a tão sonhada Juilliard?

"Percebi agora que morrer é fácil. Viver é difícil."


Se eu ficar é um drama sobre o amor, amizade, perdas e superação, que consegue ser dolorosamente lindo. Nos leva a refletir sobre os plot twists da vida, consegue ser intenso e viciante, ainda que triste. Indispensável para quem adora um bom drama e romance, está mais do que recomendado.


A adaptação para o cinema foi lançada em 2014, com Chlöe Grace Moretz dando vida à nossa protagonista, e ficou ótima! Destaque para a trilha sonora (especialmente Say something, de arrepiar!).

A continuação da história, Para onde ela foi, é narrada por Adam, contando sua reação à escolha de Mia. Ainda não li, mas com certeza está na TBR list! 




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