[RESENHAS] Dumplin'

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Gorda assumida, Willowdean Dickson (apelidada de Dumplin’ pela mãe, uma ex-miss) convive bem com o próprio corpo. Na companhia da melhor amiga, Ellen, uma beldade tipicamente americana, as coisas sempre deram certo... até Will arrumar um emprego numa lanchonete de fast-food. Lá, ela conhece Bo, o Garoto da Escola Particular... e ele é tudo de bom. Will não fica surpresa quando se sente atraída por Bo. Mas leva um tremendo susto quando descobre que a atração é recíproca. Ao contrário do que se imaginava – que a relação com Bo aumentaria ainda mais a sua autoestima –, Will começa a duvidar de si mesma e temer a reação dos colegas da escola. É então que decide recuperar a autoconfiança fazendo a coisa mais surreal que consegue imaginar: inscreve-se no Concurso Miss Jovem Flor do Texas – junto com três amigas totalmente fora do padrão –, para mostrar ao mundo que merece pisar naquele palco tanto quanto qualquer magricela.

Ganhei Dumplin' de aniversário da minha tia e, uma vez que a leitura engatou, só parei de ler quando acabei, de madrugada, com aula no dia seguinte hahahah de tão cativante e fluída que é a escrita de Julie Murphy, sem falar na maravilha que está a edição feita pela Editora Valentina, com bônus de marcadores super divos. 
Trata-se de uma história divertida e muito inteligente sobre uma garota que mostra que para ser confiante e amar a vida não tem nada a ver com o número da balança.


Willowdean Dickson é o tipo de protagonista forte, empoderadora e inspiradora que nos cativa sem esforço. Ela não se enquadra nos padrões de beleza, mas, sinceramente vive muito bem com isso, obrigada. Tem um humor ácido, com as melhores tiradas e se zoa, antes que os bullies o façam. 
Em plena adolescência, Will é uma garota independente que trabalha numa lanchonete chamada Harpy’s Burgers & dog, estuda, dirige... mas, ainda assim, sente que está esperando sua vida começar. 


A melhor amiga de Will, Ellen, é o seu oposto, magra e alta, mas isso nunca havia afetado a amizade delas. Amigas desde que se lembram, as duas dividem, entre várias afinidades, o amor por Dolly Parton.  



Will está lutando para aceitar a morte de Lucy, sua tia e amiga, a quem considerava mais sua mãe do que à própria, Rosie, que é ex-miss e não aceita o tipo físico e estilo de vida da filha.

Nesse processo, nossa heroína decide se inscrever no concurso Miss Jovem Flor do Texas, o evento anual que movimenta a pequena cidade de Clover City, e, principalmente, a sua casa, já que a mãe é uma das diretoras do concurso. Will sabe que terá que enfrentar muito julgamento e preconceito, mas decide entrar mesmo assim, por ela e por Lucy.



No meio do percurso, Ellen e Will brigam acabam se afastando, pois as más línguas dizem que El só é amiga de Will para que ela pareça mais magra ainda, uma coisa horrível e totalmente fora da realidade das duas. Mas elas precisam perceber isso sozinhas, no tempo delas.



Nesse ínterim, ao se inscrever no concurso, Will percebe que sua atitude inspirou outras meninas que, assim como ela, não são consideradas um padrão de beleza, a entrarem no concurso também. 

Eu eu amei vê-las se descobrindo bonitas e talentosas, mesmo que a sociedade pregue o contrario. Tudo de uma forma totalmente despretensiosa e muito delicada.

Agora, vamos à parte não tão legal do livro:

Trabalhando no Harpy's, Will conhece Bo Larson, pelo qual se interessa. Para sua surpresa, o interesse é recíproco e eles começam um relacionamento. Se é que podemos chamar o que eles tiveram de relacionamento. Que raiva que me deu da Will! Ele meio que tratava ela como um segredinho sujo e ela lá, morrendo de amores por ele. Detestei isso. Principalmente por que ela nunca teve vergonha do seu corpo, ela se sentia bem em sua própria pele, o que era o máximo. Mas é só o Bo tocar nela pra ela ficar cheia de neuras... Eles se desentendem e se afastam.




E é aí que o meu crush, Mitch, aparece, cavalheiro, ingênuo e super gente boa (ainda mais se comparado ao Bo). Ele se mostra interessado na Will e eles começam a sair, porém Will não consegue superar Bo e a adrenalina que sente com ele, apesar de toda a insegurança. 

Em geral, a leitura é ótima (mesmo nas partes em que me irritei com a Will), muito divertida e dinâmica. As piadas acidas são o ponto forte e o relacionamento familiar também é muito bem descrito. Acho que no final eu já me senti amiga da Will também.

Separei algumas das minhas quotes favoritas para trazer uma pequena prévia para vocês:


"Essa sou eu. Gorda. Não é nenhum palavrão. Pelo menos, não quando eu digo. Por isso, sempre me pergunto: por que não chutar logo de uma vez para longe essa pedra do caminho?"
"Não gosto de pensar nos meus quadris como um estorvo e sim como um atrativo. Afinal, se estivéssemos, digamos, em 1642, esse popozão de parideira valeria muitas vacas."
"Não experimento a mesma sensação de progresso que os outros. O que sinto é que estou presa, esperando que minha vida aconteça."
"... a oportunidade você tem a obrigação de aproveitar, está me ouvindo?"
"Não foi só a aparência de Dolly que nos atraiu. Foi a atitude inspirada na consciência de que as pessoas achavam essa aparência ridícula, mas sem mudar nem um único detalhe, porque se sentia bem em relação a si mesma. Para nós ela é... invencível."
"Por que ter coxas enormes e cheias de celulite me obriga a pedir desculpas à humanidade?"
"A vida inteira tive um corpo digno de comentários e, se há alguma coisa que viver na minha pele me ensinou, foi que, se o corpo não é seu, você não tem o direito de dizer nada. Seja a pessoa gorda, magra, alta ou baixa, não interessa."
"Não entendo porque chamam isso de paixão, quando se parece muito mais com uma maldição."
"Prendo o fôlego. Acho que deve ser essa a sensação que a pessoa experimenta quando a sua vida finalmente começa a acontecer."
" - Não podemos ter coisas maravilhosas o tempo todo. Esqueceríamos o quão maravilhosas elas são."
" - Acho que o céu é grande demais para não ser compartilhado."
"Gosto da ideia de guardar meu mundo em pequenos compartimentos, para evitar qualquer risco de colisão."
"O apelido que mamãe me deu é... enfim. Não me lembro de nenhuma ocasião em que ela não tenha me chamado de Dumplin'. Não que ele me incomode, nem penso nisso. Mas ela nunca me chama assim fora de casa - por motivos óbvios. Afinal, quem gostaria de ser chamada de bolinha de queijo, risole, almôndega, coxinha ou pastel em público?"
"Meu primeiro beijo. Um breve momento que dura para sempre."
"Acho que eu nasci desprovida de um eficiente alarme de autopreservação na cabeça, porque o negócio está com toda a pinta de ser uma cilada de psicopata."
"Apenas beijo Bo Larson. E, quando ele entreabre os lábios junto aos meus, não penso nisso. Porque, pela primeira vez na vida, eu sou aceita. Totalmente aceita, sem nenhuma pergunta."
"...acho que é assim que todas as mulheres já apanharam na guerra dos sexos. Porque as regras se aplicam a todo mundo. Menos à gente."
"Pela primeira vez na vida, eu me sinto ínfima. Minúscula. Mas não de um jeito que me intimida, e sim que me torna livre e poderosa."
"Nossa relação é como um passeio de montanha-russa. Os freios podem estar quebrados e os trilhos em chamas, mas não consigo escapar do carrinho."
"No espelho, vejo uma mulher que acho que ainda não tive o prazer de conhecer."
"As melhores amigas tem tudo e nada em comum. Cada menina é só uma versão diferente da mesma história."
"É algo que me faz muito bem. Ser desejada sem ser possuída."
"As boas amizades são duradouras. Elas têm que sobreviver aos vãos, às fendas e às dificuldades da adolescência."
"A perfeição não é nada mais do que um fantasma que perseguimos."




Inspirador, né?


Dumplin’

Cresça e apareça. Faça e aconteça!

Julie Murphy
Editora Valentina
Classificação: ★★★★☆ (4/5)

Recomendo!

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