[SÉRIES] Gilmore Girls: A year in the life

09:42

Laugh more.
Eat more. 

Talk more.
Gilmore.

Entre 2000 e 2007 foram exibidas 07 temporadas, totalizando 154 episódios, através dos quais rimos, choramos e nos emocionamos com as Gilmore Girls. E, nove anos após o término da série, em Novembro de 2016, a Netflix nos presenteou com o revival Gilmore Girls: A year in the life



Foram 04 episódios, de 90 minutos cada, escritos e dirigidos por Amy-Sherman Palladino e produzidos por seu marido, Daniel Palladino. Cada um deles representando uma estação do ano.

Tanto para os novos fãs que começaram a acompanhar a série recentemente (após ser adicionada a Netflix) quanto para os de longa data, A year in the life, superou expectativas. Todos queriam estar de volta a Stars Hollow, a pequena cidade fictícia de Connecticut, e este retorno foi nostálgico, repleto das referências de cultura pop (marca da série) e doces recordações. 

Voltar, 09 anos depois, para a pacata e peculiar Stars Hollows, reencontrando as Gilmore e todos os que a cercam (exceto Richard Gilmore. O ator Edward Herrmann, que interpretava Richard, faleceu em 2014, e o revival se preocupa muito em trabalhar a sua ausência durante as quatro estações que compõem a temporada. A atriz Kelly Bishop soube trabalhar de maneira impecável o luto de uma mulher que viveu 50 anos ao lado do marido, vivendo em função dele e cuidando de seu bem estar. Emily passa por diversas fases do luto: ela lida com a tristeza e a melancolia, passa por um momento “hiperativo” no qual tenta se livrar de tudo que há na mansão em que vive, vemos também ela abrindo o coração para novas experiências e, por fim, entendendo como lidar com essa dor.) foi muito nostálgico e mexeu bastante conosco. Foi muito bom ver o carisma de Kirk, ou a escandalosa Paris Geller, e a sempre presente Lane Kim. Apesar de Stars Hollow ser uma cidade pequena e sem grandes novidades, a série soube explorar o que os 9 anos fizeram na vida de seus habitantes. Quem não queria saber o que aconteceu com eles após todos esses anos?





Lorelai, sempre cativante e divertida, passa por uma crise de meia-idade (bastante compreensível e bem fundamentada), além de continuar agindo de modo imaturo em relação à mãe e tendo problemas de comunicação com Luke. 

Lauren Graham protagonizou uma das cenas mais bonitas do revival no episódio “Outono”, na qual Lorelai precisou de um momento de “iluminação” para admitir o luto e admiração pelo pai e também seu desejo de casar-se com Luke. O que finalmente acontece, numa noite de outono tão mágica quanto as noites de inverno que ela tanto ama. 

Porém, a grande protagonista do revival é Rory. A vida da garota prodígio não saiu como ela planejava. Em nenhum setor. Após a rejeição da proposta de casamento de Logan e sua formatura em Yale, ela não alcançou o sucesso que aspirava, nem conseguiu nenhum emprego fixo. Aos 32 anos, vive de free lancer, enviando currículos, fazendo entrevistas e se frustrando. Ela se sente totalmente perdida. Nem sequer tem um endereço fixo. Às vezes fica na casa de Lorelai, às vezes na casa de Lane, às vezes na mansão Gilmore. Essa inadequação e imaturidade de Rory em relação a vida adulta ganha destaque quando somos apresentados a um novo grupo de Stars Hollow: a Gangue dos 30 e Poucos – jovens adultos que estudaram, viajaram, tiveram várias oportunidades, mas foram “cuspidos” pelo mundo real de volta à casa dos pais. Muito verossímil e atual, infelizmente. Rory perde até mesmo seu orgulho, candidatando-se a um trabalho em um site que detestava e aceitando a ajuda de Mitchum Huntzberger, algo que negou em diversas situações nas temporadas anteriores.

O revival traz de volta também todos os amores da Rory, arrancando-nos suspiros e lágrimas com as mensagens e contextualizações com a série original. A cena com Dean é linda, com um "mea culpa" da garota e divagações sobre o primeiro amor. 

Atribuímos o relacionamento aberto que ela desenvolve com Logan ao estado de espírito em que a personagem se encontrava, em uma total falta de perspectiva. Eles se vêem quando ela viaja para Londres, sem ciúmes, cobranças ou satisfações. Até porque, ele está noivo de outra. E Rory sabe disso, porém insiste em manter essa relação tóxica, aceitando migalhas de felicidade. A aparição da Brigada da Vida e Morte exemplificou isto. “Uma noite perfeita” nas palavras dela, bastou, quando, na verdade, ela deveria estar em busca de algo mais significativo. 

A desconstrução da “perfeição” de Rory foi algo interessante de assistir. Eram muitas expectativas, tanto dos fãs como dela mesma. Sendo uma menina prodígio desde sempre, uma crise nesta idade não era o que imaginávamos. 

Ao se frustrar profissionalmente diversas vezes, ela é aconselhada por Jess a escrever um livro sobre sua vida e convivência com Lorelai. Sua decisão de fazê-lo foi poética, e a sugestão ter vindo de Jess demonstra que o vínculo entre os dois ainda existe. 

No que diz respeito às famosas quatro palavras finais, tão comentadas pela mídia, elas são mesmo de cair o queixo: Rory está grávida! A conversa que tem com seu pai, na qual o questiona sobre sua criação, deixa claro que o filho é de Logan, pois desde as temporadas anteriores a semelhança entre Logan e Cristopher ficava em evidência, o que justifica a implicância de Lorelai com o rapaz. Temos aí uma dica da atitude que Rory pretende tomar. Nós acreditamos que, futuramente, Jess assuma em sua vida um papel similar ao de Luke na de Lorelai, o que justificaria o brinde de Lor: “o ciclo da vida!”.

É uma série que mexe com a gente, especialmente pelas relações entre mãe e filha, seja falando da amizade entre Lor e Rory, ou da dificuldade de relacionamento entre Emily e Lorelai. Com certeza todas as temporadas nos levam a várias reflexões e não é diferente com este revival.

Ainda temos muitos caminhos em aberto... Por isso torço para que tenha uma nova temporada, pois, apesar de termos matado a saudade, ainda precisamos de um “revival do revival”. Escrever sobre ele está sendo um prazer, e uma libertação. Nós não conseguimos parar de pensar nestas queridas Gilmore Girls.




                                              Este post é uma parceria entre o Lariteratura                                               e o As vizinhas do 95, blog da Fernanda e da Lari Alderete!



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